A partir daí o roteiro cria situações vergonhosas para expor a personalidade de Charlie e Evelyn, e se preocupa apenas no desenvolvimento da protagonista - deixando, assim, o caminho livre para a excelente Mia Wasikowska brilhar com sua personagem bizarramente apaixonante. Um excelente trabalho da jovem australiana que vem despontando em Hollywood desde "Alice no País das Maravilhas".
Dirigido pelo coreano Chan Wook Park, cujo currículo inclui nada menos que a aclamada "trilogia da vingança" e, mais recentemente, o excepcional "Sede de Sangue", o diretor faz sua estreia no cinema americano e merece os créditos por toda a estrutura macabra construída em cenas comuns, onde qualquer outro cineasta faria o básico; para isso, ele usa e abusa de planos abertos e fechados que resultam em uma impecável fotografia, assim como o uso do som a favor da cena. O termo "experiência audiovisual" é explorado de forma literal e sem soar gratuito.
Conhecido por construir tensões sexuais entre seus personagens, o coreano não se intimida com o cinema de Hollywood; aqui o sujeito tira proveito da sexualidade de sua protagonista e deixa isso bem claro na polêmica cena onde India se masturba, embalada por imagens bizarras que atordoam sua mente.
O elenco é competente e, além de Wasikowska, temos Nicole Kidman - tal qual vinho e entregando uma boa atuação - e Matthew Goode, que parece deslocado e constrói um personagem no melhor estilo "canastrão".
Segredos de Sangue é um suspense de primeira, com pinceladas de terror e drama, e acima da média por conter uma belíssima e controversa direção.
Esse filme é fantástico. Recomendo a todos que ainda não viram! Sem falar que ainda cheiro de indicação ao Oscar ano que vem.
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